Do Caburaí ao Chuí?

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Você sabe qual é o ponto mais extremo do Brasil? Se respondeu Oiapoque, como aprendeu nas aulas de geografia na escola, saiba que existem mais coisas entre o Oiapoque e a nossa fronteira com a Rep. Cooperativa da Guiana. Mais com certeza você já falou, ou ouviu, esta expressão centenas de vezes (inclusive usada pela mí­dia), quando alguém se refere aos pontos mais extremos do Brasil, "Do Oiapoque ao Chuí".
                                                
Segundo cálculos cartográficos,o Monte Caburaí, em Roraima, fica  acima da referência oficial, o Cabo Orange, situado a pouco mais de 4 graus de latitude norte na foz do rio Oiapoque no estado do Amapá.



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Portanto do outro lado do equador em um pedaço de Brasil que poucos brasileiros conhecem que ocupando apenas 2,6% do território nacional, Roraima conta com o privilégio de abrigar o ponto mais setentrional do Brasil: o Monte Caburaí, na divisa com a República Cooperativa da Guiana.

    Um erro que durou séculos começou a ser corrigido nos livros didáticos e ditados e distribuídos nas escolas de todo o território brasileiro,desde 2002. Eles trazem agora o Monte Caburaí como verdadeiro Extremo Norte do Brasil dividido ao meio pelo estado de Roraima e a República Cooperativista da Guiana. Ele está dentro de uma das regiões mais belas de todo o Estado de Roraima.





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    Hoje podemos dizer que o Brasil vai do “Caburaí ao Chuí”. Essa correção começou a ser feita em 1996 com a criação do município de Uiramutã. O primeiro prefeito eleito, Venceslau Brás, nomeou o jornalista-fotográfico Platão Arantes como secretário do Meio Ambiente e Turismo e deu carta branca para que ele tomasse providencias para que o Ministério da Educação reconhecesse o Monte Caburaí como verdadeiro extremo norte do país.




280px-Amapa_Municip_Oiapoque_svg   Antes disso, a ênfase na condição de extremo setentrional do país era o Cabo Orange, no Oiapoque, estado do Amapá, que popularizou-se pelo uso da expressão "do Oiapoque ao Chuí", para designar os extremos norte e sul do Brasil. No entanto, o Cabo Orange, cuja latitude é 4º 30' 30" norte, situa-se 84,5 km mais ao sul que o Monte Caburaí. Hoje podemos dizer que o Brasil vai do Caburaí ao Chuí.







marechal20candido20rondon20-2004-05-076 As investigações davam conta que o marechal Cândido Rondon, na década de 30, passou naquela região, demarcando as fronteiras entre Venezuela, Guiana Inglesa e o Brasil. Naquela época ele já comprovou que o extremo norte era o Monte Caburaí. Essas informações foram enviadas por Rondon para a 1ª Comissão Demarcadora de Limites do Ministério das Relações Exteriores e não foram levadas em consideração.

Isso permitiu que durante décadas os livros didáticos informassem erradamente, e que o Oiapoque era o extremo norte do Brasil, e a inércia dos técnicos do Ministério da Educação contribuiriam para perdurar esse erro.
Essa referência “do Oiapoque ao Chuí” deve-se ao fato dos primeiros cartógrafos terem pertencido a uma civilização marítima, portanto tendo o mar como principal referência. Assim, o cabo Orange, para eles, era o ponto Extremo Norte e o Chuí o extremo sul. Essa equivocada informação tornou conhecida a expressão do Oiapoque ao Chuí, difundida principalmente pelos meios de comunicações.




platao Uma nova expedição, seria a forma para força o Ministério a fazer as correções nos livros didático, mais recém criado município não dispunha de recursos. Para essa grandiosa missão o secretário Platão Arantes elaborou o projeto e apresentou ao prefeito, tendo aprovação e o nomeou “coordenador e relator da expedição”.

Portanto uma  nova expedição foi  realizada em Roraima nos dias 03 a 6 de setembro de 1998 comprovou que o Monte Caburaí ( município de Uiramutã em Roraima) e não o rio Oiapoque (no Amapá) é o verdadeiro Extremo Norte do Brasil. Os expedicionários roraimenses comprovaram que o Monte Caburaí, se considerada uma linha reta, geograficamente está localizado acima do rio Oiapoque nada menos que 84,5 km.





clip_image002O Monte Caburaí com 1.465m de altitude faz fronteira com a República Cooperativista da Guiana. Em realidade, o "monte" Caburaí é a borda de um imenso planalto, com mais de mil metros de altitude média, que se estende ao longo da fronteira, com 5º 16' 20" norte, sendo o ponto mais setentrional do Brasil, 84, 5 Km mais ao norte que o Cabo Orange, no Amapá, cuja latitude é 4º 30' 30" norte.









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     Participaram da expedição, profissionais especializados nas áreas de cartografia, engenharia florestal, botânica, jornalismo e antropologia.  Nos três dias de acampamento no topo do Monte Caburaí tudo foi pesquisado e vasculhado,  o marco fincado pelo Marechal Cândido Rondon não foi encontrado. Provavelmente  com o passar dos anos a vegetação o tenha encoberto. A outra hipótese é que as dificuldades encontradas para chegar ao topo do Monte Caburaí tenham obrigado Rondon a calcular as coordenadas pelas estrelas e com utilização de sextante, como era comum na época.

Essa tese era a mais correta e foi comprovada ao se comparar as coordenadas tiradas por Rondon, indicando que o Marco Internacional B-BG/11A foi colocado no Monte Caburaí, entre a nascente do Rio Uailã, (afluente do Rio Maú ou Ireng, na bacia do Rio Amazonas) e o Rio Caburaí (afluente do Cucui, bacia do Essequibo), com as coordenadas geográficas N 5º 16’19, 60/W60º 12’43, 29”.




mapa_brasil_regioes     Ao colocarmos uma linha reta entre os estados de Roraima e Amapá temos a exata noção de quanto o Monte Caburaí está acima do Oiapoque. Baseando-se nas coordenadas de Rondon, colocadas em equipamentos de precisão (GPS) comprovou-se que o Monte Caburaí, estava a 1.465, 10 metros de altitude, no seu topo, está situado a 5º 16' 20" de Latitude e 60º 12' 37. 3", de Longitude, onde deveria está colocado o marco Internacional B-BG/11A.




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As águas da nascente do Rio Uailã formam a cachoeira de Garã Garã, com seus 96 metros de queda. A força da água fura a rocha tornando-a uma das mais belas cachoeiras da região.














De posse das novas coordenadas, foi elaborado um relatório e enviado para o então ministro da Educação, Paulo Renato. Durante meses foi aguardado resposta e nada. Isso só aconteceu quatro anos depois, em 2002. Os livros editados e distribuídos nas escolas de todo território brasileiro trazia o “Monte Caburaí” como verdadeiro Extremo do Brasil.
Infelizmente ainda persiste a idéia anterior: radio, televisão, jornal e órgão do governo federal em suas propagandas, continuam a dizer erradamente do: “Oiapoque ao Chuí”, ao invés do “Caburaí ao Chuí”, correção que espera que se faça o quanto antes, sobretudo junto à grande mídia nacional.




do caburaí ao Chuí

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