A cultura árabe está na raiz da cultura brasileira. A colaboração dos árabes na construção da cultura brasileira pode ser analisada á partir de três “vias de entrada” básica:
A primeira é a própria contribuição árabe à formação histórica da Península Ibérica, Portugal e Espanha. Embora possa ser reunida sob uma única rubrica, essa via tem várias ramificações, uma vez que a convivência direta entre árabes e ibéricos se deu por quase um milênio, desde a sua entrada, como conquistadores, em 711, até sua expulsão, como súditos indesejados, em 1608. Durante esse largo espaço de tempo, árabes e muçulmanos deram enormes contribuições à formação da cultura ibérica, e por extensão à brasileira, a tal ponto que é praticamente impossível diagramá-las. Pois se existe até mesmo quem considere que certas manifestações da religiosidade católica são de influência islâmica!!
Já a segunda via é constituída pela imigração forçada de negros escravos muçulmanos, em grande escala, a partir do século XVII.
E, finalmente, a terceira via é constituída pelos imigrantes oriundos de países árabes, em especial o Líbano, a Síria e a Palestina. As primeiras levas desses imigrantes entraram no país, no final do século XIX, com passaportes turcos, pois a Turquia, então Império Otomano, dominava os seus países. É um fluxo que ainda não cessou, embora tenha diminuído consideravelmente. Mas ainda hoje, por exemplo, o Brasil é o maior país libanês do mundo, isto é, existem no Brasil mais libaneses e descendentes do que no próprio Líbano.
Os brasileiros, em sua esmagadora maioria, apóiam os árabes e se identificam com eles. Mas é óbvio que existem discursos cujo objetivo sistemático é difamar os árabes e diminuir a sua cultura, tentando caracterizar seus movimentos de resistência como “grupos terroristas” sem a menor preocupação com o rigor ou com a inteligência do leitor. Mas felizmente tal preconceito não tem maiores reflexos na vida prática, muito embora aqui e acolá se verifiquem efeitos nocivos.
Fonte:Mamede Mustafá Jarouche
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