VERA LÚCIA
Creio nas flores e em sua gloriosa indiferença em relação á incerteza do amanhã.
Creio nos pássaros, e em sua confiança implícita na Providência divida que os alimenta.
Creio nos riachos, que entonando como um salmo, murmuram a doce esperança de encontrar o distante oceano para o qual pacientemente caminham.
Creio na brisa que sussurra, pois ela me ensina a ouvir a pequenina e tranquila voz dentro da minha alma febril.
Creio nas nuvens errantes, já que elas fazem-me ver que a vida, como um dia de verão, deve conter alguma escuridão que revele seu sentimento oculto.
Creio na chuva branda, acentuada com lágrimas mornas, mostrando-me que nada cresce se não for fertilizado com lágrimas.
Creio na quietude dourada do pôr-do-sol, refletindo a glória momentânea do grande universo que existe além do meu restrito horizonte.
Creio na suavidade do orvalho que cai, revelando a infinita nascente de águas vivas onde tudo é ressecado e debilitado.
Creio na santidade do crepúsculo, porque me conscientiza da presença de Deus, e eu sei que não estou só. E tudo o que mais creio está entesourado em sentimentos tão profundos que as palavras não conseguem atingir.
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